domingo, 22 de maio de 2011

terça-feira, 24 de agosto de 2010

A Mágoa Eternizada - Capítulo II

A rua estava praticamente deserta. Poucas pessoas havia sobre a calçada. Algumas delas passavam pelas lojas, a olhar as vitrines, a notar o preço, e a continuar seus caminhos. Alguns poucos carros quebravam o silêncio daquela tarde. Luciano olha para o outro lado da rua, Miguel nada olhava. Estava preocupado ainda com os últimos acontecimentos. Queria apenas chegar rápido ao hospital para que pudesse receber notícias de sua irmã. Um carro parou a sua frente. Vermelho, de vidros escuros, estes se baixam e mostram uma figura feminina já conhecida.
-Para onde os garotos estão indo, posso saber? – Era Sheyla, voltando das compras. Ria-se do próprio comentário, alegre como sempre fora.
-Estamos indo ao hospital, visitar Victoria – Respondeu Luciano, baixando um pouco a cabeça -. Pode nos dar uma carona?
-Entrem, entrem. Teria ainda que deixar essas sacolas de compras em casa, mas depois eu vejo isso.
Abriu a porta traseira do carro para que os dois entrassem. Luciano segurou-a para que Miguel pudesse entrar. Acomodadando-se, fechou a porta e seguiram caminho rumo ao hospital, que não estava muito longe de onde estavam.
- Então – começou Sheyla -, o que Victoria tem?
- Não se sabe – respondia Miguel -. Hoje de manhã não conseguia abrir os olhos. Estava vermelha, suava frio, mas não acordava. Os médicos não sabem qual a causa desses sintomas. Creio que ela irá passar esta noite sob observação, então não poderá ir para casa. Devo ficar com ela no hospital, já que mamãe trabalha amanhã.
Dizendo isso, Miguel abaixa a cabeça, contendo as lágrimas firmemente. Luciano, que estava ao seu lado, passou seu braço por sobre o ombro de seu amigo e puxou-o para seu ombro. Não via jeito de consolá-lo. “Fora tudo tão de repente. E ele ama a irmã dele, como eu amo a minha. Não deve ser fácil suportar essa dor”, pensava Luciano.
Miguel chorava calado nos ombros de seu amigo. A dor em seu peito era muito grande. A qualquer momento, sabia que poderia perder sua irmã. “Ainda ela é tão jovem e bela. Por que essas coisas acontecem logo com ela, que sempre foi uma garota tão boa para com todos?”. E chorava ainda mais frente a seus pensamentos.
Victoria era realmente jovem e bela. Tinha apenas 16 anos, sendo dois anos mais nova que Miguel. Cabelos negros como a noite, formando livres cachos sobre suas costas. Olhos de um castanho distinto, misterioso. Pele alva, suave. Era alta para sua idade: 1,75 de altura, pesando apenas 53 kg.
Parando o carro em frente ao hospital, Sheyla destrava as portas do carro e abre sua porta para sair. Luciano dá alguns leves tapas no ombro de Miguel, que levanta, secando seus olhos ainda molhados pela dor. Olhando ao redor, Miguel percebe já terem chegado ao destino. Abre a porta a seu lado, sai do carro e se espreguiça, enquanto deixa a porta bater.
Entrando no hospital, vão direto falar com a recepcionista.
- Boa tarde. Gostaríamos de saber em qual quarto a senhorita Victoria Cardoso está – inicia Sheyla, a menos tímida do grupo.
-Só um minuto que eu já vejo pra vocês – respondeu a atendente.
Dizendo isso, virou-se para trás. Havia uma pilha de papéis sobre a mesa, com o nome de todos os internados e alguns documentos do hospital. Abaixou os oclinhos de meia-lua e, pegando um dos papéis na mão, começou a examinar linha por linha, passando o dedo calmamente sobre cada nome. “Há bastante gente internada nesse hospital”, pensava Sheyla, assustada. Parecia que aquele momento durava uma eternidade. Eram muitos nomes e Catarina não parecia estar com muita pressa.
Catarina, conforme lera Sheyla no crachá, era a recepcionista. Aparentava já certa idade. Sua pele estava marcada pelos traços da idade: rugas se mostravam por todos os lados em seu rosto. A vista já cansada, aparentando certa dificuldade em enxergar, o que dificultava trabalhar mais rápido. Trajava o uniforme verde do hospital, com os óculos postos sobre o nariz, curvo, e presos por um fino fio de nylon por trás do pescoço.
-Aqui está – dizia Catarina -. Quarto 201. Segundo andar, última porta a esquerda.
-Obrigada – respondia Sheyla. “Ufa! Pensei que eu passaria o resto de minha vida esperando ela achar o nome de Victoria no meio de tantos”, pensava, enquanto andava com Miguel e Luciano em direção às escadas.
Subindo as escadas, notou que havia um quadro pendurado ao lado da porta que dava acesso ao 1º andar. Uma pintura à óleo, abstrata, que mostrava algo que parecia um homem em desespero sobre um fundo vermelho e preto. Ao focar o quadro, parecia que a parte vermelha movimentava-se dentro do quadro. “Um dos efeitos de um quadro simbolista”, pensava “é criar essa idéia de movimento. Qual o nome que se dava a isso mesmo?” Não conseguindo se lembrar muito bem, decidiu esquecer o quadro, embora fosse uma imagem muito interessante, conforme achava ela.
Ao lado da porta do 2º andar, havia outro quadro. ”O Santo Sacrifício” era o que se lia sobre o quadro. “Muito bonito este quadro. Parece uma arte barroca”, pensava Sheyla, ainda. No quadro, havia um cordeiro branco, morto com um punhal sobre um altar de pedra. Sob o cordeiro, havia algumas palavras. Aproximou-se, para tentar ler, mas parecia estar apagada demais para se conseguir entender alguma coisa.
Entrando na porta que dava acesso ao andar, viraram à esquerda e seguiram em direção ao quarto 201, conforme fora indicado. Ao chegar lá, deparam-se com Norma e Luis, pais de Victoria e Miguel. Aquela se encontrava com a cabeça nos braços do marido, enquanto este olhava para saber quem vinha. Ao notar quem vinham, deu um meio sorriso de satisfação pela visita. Seu rosto também se mostrava profundamente deprimido. Estavam em pé, em frente a uma das camas do hospital, onde Victoria deveria estar.
Miguel é o 1º a ir, acompanhado de Luciano e Sheyla. Ao visar quem estava sobre a cama, Sheyla põe a mão sobre a boca, Luciano dá um passo para trás. Aquela que estava ali não era a Victoria que conheciam. Estava, agora, mais pálida que sempre fora, o que deixava à mostra todas as veias do rosto e do corpo. Seus olhos estavam inchados, em uma profunda vermelhidão. Seus cabelos estavam sem brilho, fracos, quase grisalhos. Estava coberta de uma coberta amarela do hospital, que aparentava estar deveras suja. Não se perceberia jamais se a cor natural daquela coberta era amarela ou se um dia ela já fora branca. Entretanto, um dos pontos que se deixava bastante notar eram os olhos da moça: continuavam fechados. Desde que amanhecera o dia, Victoria não acordara. Mas ela ainda estava viva, e todos sabiam disso. Seu coração ainda batia e ela ainda, fracamente, respirava, sem necessidade do uso de qualquer aparelho que fosse. Usava somente um aparelho para medir seus batimentos cardíacos, que se mantiam estáveis.
Um homem entra na sala. Era baixo e possuía poucos cabelos, e estes já grisalhos. Sua face era séria e possuía um grande e curvo nariz. Sobre este, usava óculos de um grau muito forte, tamanha era a grossura de sua lente a fazer parecer que seus olhos esbugalhavam-se. Trajava uma roupa branca e trazia consigo um bloco de notas e uma caneta. Sobre seu jaleco, havia um bótom escrito: Dr. Andrade. O homem se aproximou da cama onde estava Victoria. Olhou diretamente para sua face. Olhou o aparelho que estava ligado a ela. Fez algumas anotações em seu bloco de notas e virou-se para Luis.
- Houve algum distúrbio da paciente, algo diferente ou anormal? – Perguntava o Dr. Andrade. Sua voz era um pouco falha e rouca, embora mantivesse o tom grave.
- Não, doutor. Victoria continua assim desde que chegou. Vocês teriam alguma idéia do que está acontecendo com ela, doutor? – Questionava, atônito, o pai de Victoria.
- Ainda não conseguimos encontrar o que há de errado com sua filha – Respondia, em tom calmo e indiferente.
Dr. Andrade olhava, outra vez, para Victoria, a fazer algumas poucas outras anotações. Luciano olhava para toda aquela cena, tentando compreender a situação. Perdido em meio a seus pensamentos, sente um leve arrepio a percorrer-lhe o íntimo quando o velho homem olha diretamente para dentro de seus olhos. Sentiu-se estranho, como que um vento cortantemente gelado entrasse por suas veias e artérias, a se dissipar por todo seu corpo. O médico levanta uma de suas sobrancelhas, vira-se, e segue seu caminho em direção à porta, sem mais falar. Tudo aquilo fazia Luciano sentir-se aflito, com medo. Sentiu vontade de agarrar-se à irmã e abraçá-la nesse momento, do mesmo modo que fazia quando era mais novo. Entretanto, voltou à realidade quando ouviu a voz de Miguel, que durante muito tempo manteve-se calada.
- São seis e meia – dizia, olhando para as horas em seu telefone celular. – Parece que passaremos a noite aqui hoje. Vão para casa, meus pais. Deixem que eu a faça companhia pelo resto da noite. Vocês já devem estar cansados. Ficaram aqui o dia todo hoje e merecem descansar.
Luiz e Norma se olharam por um instante. Eles estavam realmente cansados. Estavam ali desde as dez horas da manhã. Esta consentiu com a cabeça, então aquele se pronunciou:
- Tudo bem, meu filho. Vamos para casa sim, mas prometa-me que ficará tudo bem por aqui. Não quero que se canse por nossa causa.
- Tudo bem, papai. Podem ir despreocupados – Dizia Miguel, com um real tom de confiança em sua voz.
Sua mãe deu uma última olhada em sua filha na cama e foi de encontro a Miguel, abraçando-o e abençoando-o, como toda mãe. Seu pai o fez igualmente. Despediram-se dos demais na sala e saíram do quarto. Ficaram um tempo a olhar um para o outro. Miguel foi o primeiro a falar:
- Caso queiram, podem ir também, meus amigos. Ficarei muito bem aqui, não se preocupem. – Dizia Miguel, procurando sorrir para os dois à sua frente.
- Tem certeza de que vai ficar bem, Miguel? – Perguntava Luciano, preocupado com seu amigo. – Se quiseres, posso passar a noite aqui contigo.
-Agradeço muito, mas não é necessário, meu amigo. Pode ir descansar que eu tomo conta aqui. Você tem que estudar pra faculdade amanhã ainda e sua irmã também. Podem ir despreocupados que vai ficar tudo bem.
-Tudo bem então – Quem falava agora era Sheyla. – Vamos para casa, mas amanhã de manhã, antes de irmos para a faculdade, passaremos aqui.
-Tudo bem então, meus amigos. Muito obrigado por tudo – Concordava Miguel.
Despedindo-se, deu um carinhoso abraço em Sheyla e um forte abraço em Luciano. Este último, então, demorou-se um longo tempo. Precisavam sentir próximos desse jeito, e não haveria meio melhor que um abraço forte e longo.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

A Mágoa Eternizada - Capítulo I

Era uma fria tarde de inverno. Luciano estava em seu quarto, deitado, lendo um romance do século XIX quando sua irmã mais velha o chama na sala de estar. Luciano era um jovem rapaz de 17 anos que vivia com sua irmã, visto que seus pais morreram havia dois anos. Tinha cabelos loiros, quase à altura dos olhos, estes de um profundo castanho-claro, tal qual os de seu pai. Alto, com 1,82 metros de altura, e magro, 66 kg, ganhara um pouco de massa muscular com alguns meses de academia e malhação. Pele branca e suave, nariz pequeno e lábios carnudos. Gostava muito de ler e cursava seu 1º ano na Faculdade de Língua Estrangeira. Levantou-se da cama com um pouco de má-vontade. Sua cama ainda estava desarrumada com vários livros sobre a mesa de cabeceira. Desceu as escadas de mármore que ligava seu quarto à cozinha. Olhou um pouco os armários e a geladeira. Estavam já velhos, como os demais móveis da casa. Seguiu para a sala de estar, a fim de ver o porquê de sua irmã tê-lo chamado.
- Estou indo ao supermercado fazer as compras. Quer que eu compre alguma coisa pra você? – pergunta Sheyla, sua irmã mais velha.
Sheyla era uma moça de 1,68 metros de altura, 56 quilos bem distribuídos por seu esguio corpo. Olhos verdes, tal qual foram os de sua mãe, e cabelos tão claros quanto o de seu irmão. Tinha vasto busto e largo quadril, o que trazia ciúmes a Luciano pelos olhares que a perseguiam nas ruas da cidade. Em seus 23 anos incompletos, cursava o último ano da Faculdade de Direito. Apesar de todas as suas qualidades, ainda não possuía um namorado, pois julgava não ter achado ainda o homem certo para sua vida.
- Traga-me apenas alguns pães doces – respondeu-lhe Luciano, agradecendo-a e beijando-lhe a face.
Virou-se, novamente em direção à cozinha. Viu novamente os mesmos móveis velhos.
“Precisamos comprar móveis novos para esta casa. Estes já estão aqui desde que nasci”, pensou Luciano.
Subiu as escadas e entrou em seu quarto, olhando ao redor. Não mais gostava do que via. Há anos havia colado vários pôsteres de times de futebol e mulheres nuas nas paredes de seu quarto. No chão havia restos de seu último pedaço de pizza da noite anterior, livros e revistas de sua faculdade, jogados ao chão. Lembrou-se de sua mãe nesse momento, pois, apesar de ter dois empregos para poder sustentá-lo e também à sua irmã, sempre arranjava tempo para arrumar o quarto de seu filho. Lágrimas brotavam de seus olhos nesse momento. Deitou-se na cama e não agüentou de tristeza. Pondo seu livro de lado, apertou seu travesseiro contra o corpo e tentava não chorar, mas suas lágrimas já rolavam sobre a branca face.
No meio de suas lembranças, ouviu a campainha de sua casa tocar. Continou deitado, sem se importar com o que quer que fosse. A campainha tocou de novo. Novamente. Nessa 3ª vez, ele secou suas lágrimas com a manga de sua blusa e desceu, com os olhos ainda inchados pelas lágrimas. Abriu a porta e deparou-se com seu melhor amigo, Miguel.
Luciano e Miguel se conheceram na 7ª série do Ensino Fundamental, quando este havia acabado de chegar à escola. Chegara à cidade poucos dias antes de começarem as aulas. Viera de um Estado vizinho com seu pai, que acabara de separar-se de sua mãe. No 1º dia de aula, ainda muito tímido, sentou-se numa cadeira vazia ao lado de Luciano e ficou ali, calado, sozinho, visto que era o único estranho naquela turma. Nos longos três minutos que se passou antes do 1º professor aparecer, ele olhava ao seu redor, parecendo um pouco assustado com tanto barulho, mas estava apenas tentando achar alguma pessoa como ele, que também não conhecia ninguém. Para sua infelicidade, não havia. Após esse curto tempo, chega à sala Adam, seu professor de inglês. Isso foi uma grande felicidade para Luciano, visto que era sua matéria favorita desde que a conhecera em sua 5ª série. Contudo, a notícia não pareceu animar tanto assim a Miguel, uma vez que tinha grande dificuldade em falar outras línguas. Pior notícia foi quando o professor anunciou um teste de conhecimentos básicos de inglês. Para sua sorte, este seria em dupla.
Estava muito tímido em pedir para fazer com o desconhecido ao seu lado. Por sorte, Luciano notou o colega ao lado e se ofereceu para fazerem o teste juntos, pois notara no rosto de Miguel um ponto de pequeno desespero. Fizeram o teste juntos e passaram todas as outras aulas juntos. Ao sair da aula, foram para casa conversando e se encontraram na mesma rua. Miguel morava logo no início e Luciano, ao seu lado. Desde então, tornaram-se grandes amigos. Freqüentavam a casa um do outro, saiam juntos, passavam horas a fio com jogos eletrônicos. Enfim, apenas agiam como amigos que eram.
Miguel, com seus cabelos negros a esconder os olhos de mesma cor, abriu um grande sorriso ao perceber que, enfim, alguém estava abrindo a porta. Ficou um pouco preocupado ao notar o olhar de seu amigo, mas, por imaginar do que se tratavam as lágrimas já corridas, procurou apenas sorrir e confortar Luciano. Embora não tivesse ido à casa deste com tal intuito, não pensaria em outra coisa se não tentar alegrá-lo um pouco.
-Luciano, meu amigo - dizia Miguel, enquanto abria os braços para dar um forte abraço no amigo. Como você está, rapaz?
-Estou bem, e ainda melhor com sua companhia, meu garoto – respondia Luciano, com um sincero sorriso nos lábios. Entre. Está muito frio para que fiquemos a conversar na porta de casa, não acha?
Abriu caminho na porta para que Miguel entrasse. A casa parecia deserta sem a presença de Sheyla. Sempre que alguém chegava, ela era sempre a primeira a aparecer em frente à porta, com um largo sorriso e um brilho no olhar de alegrar quem quer que fosse a visita a aparecer. Sempre com o aparelho de som ligado, este acabava por se tornar um animador sem precedentes. Agora que ela saíra para ir ao supermercado, o rádio se tornou apenas mais um dos móveis da casa, a televisão assistia às poltronas da sala e as paredes pareciam olhá-los incessantemente.
-Realmente está frio aqui do lado de fora – disse Miguel, aceitando o convite para entrar.
Rangia o assoalho de madeira sob os pés de Miguel. Não eram somente os móveis que precisavam ser trocados. A casa também precisava de uma reforma. Sentou-se em uma das poltronas à sua frente, para a qual Luciano estava apontando. Luciano sentou-se em uma das poltronas em frente à ocupada por Miguel.
-O que o trazes aqui em um dia tão frio como este, Miguel? – perguntava Luciano.
-Minha irmã. Ela está internada o hospital da cidade. Queria que você fosse vê-la comigo. – respondia Miguel, de cabeça baixa.
-Mas ontem mesmo ela estava bem. O que ocorreu? De que ela sofre?
-Não se sabe. Ontem ela estava muito bem. À noite, foi para cama um pouco mais cedo que o comum, mas hoje de manhã ela não acordou. Minha mãe chamou os médicos no mesmo instante. Ela suava frio, estava vermelha, mas não abria os olhos.
A face corada de Luciano tornou-se pálida. O que quer que fosse o que ocorrera com Victória, era algo muito sério. Levantou-se, olhando para Miguel.
-Somente vou tomar um banho e trocar de roupa. Espere-me enquanto isso, pois estarei de volta rapidamente.
Dizendo isso, deixou o amigo na sala e foi em direção ao seu quarto. Olhou para seus livros no chão. Lamentava ter que adiar mais uma vez suas leituras, mas algo mais importante tinha de ser feito no momento. Foi ao guarda-roupa, pegou uma camisa de manga “três quartos” azul, uma calça jeans e seguiu para o banheiro.
Abriu a porta, entrou no banheiro e deixou que a porta se fechasse atrás de si. Trancou-a. Pôs as roupas que trouxera em cima de um gancho preso à parede e começou a tirar suas roupas. Ao tirar a camisa, olhou-se no espelho.
“Acho que esse tempo de academia surtiu um bom efeito”, pensava Luciano. E riu-se dos próprios pensamentos, enquanto fazia algumas poses em frente ao espelho. Sempre perdia alguns minutos enquanto se divertia com seu próprio reflexo. Lembrava da época em que seu corpo não mostrava nada se não sua magreza excessiva. Passou a mão por entre os cabelos loiros. Abriu o zíper de sua calça e tirou-a, pondo-a dentro do cesto de roupas sujas. Retirou sua sunga e fez o mesmo. Olhou-se novamente no espelho, a olhar agora como estava seu corpo da cintura para baixo. Não perdeu muito tempo com isto, pois estava com mais pressa que o normal.
Fechou a cortina do box e abriu a válvula do chuveiro. Deixou que a água quente caísse sobre seu corpo nu por alguns segundos. Pegou um sabonete na saboneteira e começou a esfregar seu corpo, a começar pelos braços. Ao terminar, procura seu shampoo no chão e despeja um pouco de seu conteúdo nas mãos úmidas. Esfrega-o sobre sua cabeça, formando uma densa espuma. Retira o produto de seu cabelo e desliga o chuveiro.
Pega sua toalha e começa secar o corpo. Enquanto isso, Miguel espera pacientemente ainda sobre a poltrona. Olhava um velho quadro por sobre a parede da sala. Mostrava uma casa em um campo. Parecia-lhe um lugar conhecido. A casa era grande: tinha dois andares e muitas janelas. Várias árvores em volta dela e um pôr-do-sol como plano de fundo. Ao fixar o olhar somente sobre a casa, notou algo que parecia um tanto assombroso: na 3ª janela do 2º andar, havia uma mulher. Ela parecia aflita, parecia procurar por socorro. Levantou-se para olhar mais de perto o rosto da mulher, assustado.
-Estou pronto, Miguel. Vamos? – dizia Luciano, que já havia terminado seu banho.
Miguel põe sua mão sobre o peito. Assustou-se com a presença repentina de seu amigo.
-Sim, vamos – respondeu Miguel.
Luciano foi à frente, e abriu a porta para que Miguel passasse. Este seguiu logo atrás, mas, antes de sair, deu uma última olhada no quadro. Sentiu um arrepio ao fitá-lo novamente. Parecia haver mais coisas naquele quadro do que se podia ver.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Welcome everyone

Minha primeira estada aqui num blog. Isso é realmente estranho para mim, acreditem. Mas, como dizia o velho sábio, "se não nos atualizarmos, teremos morte preto-e-branca" [mentira, fui eu quem fiz do nada]. Primeiramente, fiz esse blog com intuito de divulgar um pouco alguns poemas, contos, romances, etc, etc... Mas só cheguei a essa conclusão com a ajuda de my friend Bernardo, cujo sobrenome sequer sei informar. Enfim, sejam todos muito bem vindos e espero que aproveitem o conteúdo [100% literário] desse blog. Merci beaucoup pela presença.